homicídios ligados ao crime
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homicídios ligados ao crime
Em Portugal, não existe uma tradição de homicídios ligados a outros crimes, como nos EUA, onde este tipo de homicídio remonta, pelo menos, à década de 30, ao tempo da Lei Seca, dos gangsters e de Al Capone. Apesar de tudo, e embora todas as diferenças entre os EUA e Portugal, com o "boom" da heroina em Lisboa, no final dos anos 80, o homicídio relacionado com outros tipos de criminalidade começou a afirmar-se na sociedade portuguesa, ligado, essencialmente, ao roubo, ao tráfico e ao consumo de drogas, que têm vindo a crescer nos últimos anos . Para o sub-inspector António Teixeira, da secção de homicídios da PJ, o homicídio relacionado com este tipo de crimes é o que mais contribui, actualmente, para a mortalidade por homicídio em Portugal.
O homicídio ligado ao roubo e ao tráfico de droga
O homicídio relacionado com o roubo e com o tráfico de droga é um crime típico da cidade. É no espaço urbano que operam a grande maioria dos indivíduos e dos gangs que fazem do furto e da venda de estupefacientes o seu modo de vida. Em Portugal, a capital do crime é Lisboa, que tem um nível de criminalidade muito superior ao de qualquer outra cidade do país. É aqui que há mais assaltos, mais tráfico e consumo de drogas e onde o número de homicídios é maior. Segundo as estatísticas do Ministério da Saúde, entre 1993 e 1998, deram entrada nos hospitais portugueses 861 vítimas de homicídio: 442 eram da região da Grande Lisboa. Na Região Norte, a segunda região mais afectada por este tipo de crime, as autoridades sanitárias registaram 131 vítimas de homicídio, um terço dos casos contabilizados na região da Grande Lisboa.
Uma pergunta difícil
Face a uma tão grande incidência da criminalidade e do homicídio na Região de Lisboa, procuramos saber, não o porquê desta concentração, uma vez que isso é considerado "normal" nas grandes cidades, mas sim, se era possível ou não identificar-se um grupo, um sector da sociedade lisboeta onde o homicídio com armas de fogo fosse mais frequente. Fizemos a pergunta a uma pessoa que lida diariamente com este tipo de crime, o sub-inspector António Teixeira, da secção de homicídios da PJ de Lisboa, e depois tentámos saber mais sobre o assunto com o sociólogo Paquete de Oliveira, especialista em criminalidade do ISCTE.
Grupos de risco
Para o sub-inspector António Teixeira, a discussão sobre os grupos sociais onde a criminalidade com armas de fogo é maior, é uma temática onde "corremos o risco de nos chamarem racistas". "Eu poder-lhe-ia responder para ir ver a população prisional do Linhó, que é quase toda de etnia africana", diz, respondendo, assim, indirectamente, à pergunta difícil que lhe fizemos. "Claro que este facto tem muitas explicações, e não pode ser tratado de forma simplista; trata-se de classes marginalizadas da sociedade, que caem mais facilmente na esfera do crime", acrescenta o sub-inspector, para sublinhar a complexidade social do problema. Para António Teixeira, a incidência do homicídio ligado a outros crimes na população de etnia africana, deve-se, em grande medida, ao facto de o tráfico de estupefacientes estar hoje "muito controlado", por indivíduos dos PALOP. Além dos africanos, o oficial da polícia considera que a posse ilegal de armas de fogo também está muito enraizada entre os indivíduos de etnia cigana. Segundo o subinspector da secção de homicídios, "é raro encontrarmos um cigano que não tenha uma caçadeira ou outra arma".
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