Rapaz sem medos lidera assaltos e vive em fuga
Rapaz sem medos lidera assaltos e vive em fuga
Ana Mafalda Inácio Gonçalo Santos
Dá pelo nome de Nelson. Tem 13 anos e já é conhecido no mundo do crime por assaltos na zona de Vila Franca de Xira, Alverca e Alhandra. Na madrugada de terça-feira, foi detido no Cartaxo pela PSP, quando conduzia um Fiat Uno roubado. Mas acabou por sair em liberdade e entregue à instituição da Segurança Social em Lisboa, que dá como morada oficial. Voltou a fugir. Em quatro meses, Nelson já vai com oito mandados de localização a nível nacional.
"Não ficou mais de meia hora", disse uma fonte da Segurança Social. É assim desde que entrou na instituição em Setembro de 2005, por ordem do Tribunal de Vila Franca de Xira. "A única vez que permaneceu mais tempo foi quando lhe lavaram os ténis e ficou à espera que secassem", contou a mesma fonte. Nelson costuma saltar pela janela da casa de banho, do primeiro andar para a rua, ou tão só abrir a porta principal e sair, sempre que há uma distracção dos funcionários.
Segundo explicaram ao DN, o Centro de Acolhimento de Emergência, situado na Alameda, é uma instituição que funciona em regime aberto e que só acolhe menores por períodos de curta duração, que aguardam o ingresso numa outra entidade de acolhimento. No entanto, "quando chegam, tenta-se logo integrá-los na comunidade, através da inscrição na escola, nos centros de saúde, em actividades lúdicas", mas no caso de Nelson "nada disto foi possível. Não houve tempo. Ao fim de dois dias, fugiu", argumentou a Segurança Social. O director da casa já solicitou ao tribunal que reavaliasse com urgência o processo, por considerar que aquele centro não será a "solução mais adequada". Só que nada mudou. O DN contactou o Tribunal de Vila Franca de Xira para saber em que situação se encorna o processo, mas foi-nos dito que este é de promoção de protecção de menores e confidencial.
Fugitivo desde Setembro
Nelson continua a monte, praticamente desde que foi retirado à mãe, no ano passado, e da casa que habitava no Entroncamento. À escola pouco deve ter ido, disseram-nos, e do pai conta que era toxicodepedente e morreu na prisão. Perante os outros, assume-se como "um rapaz sem medos" e "um líder", conta a polícia. Aliás, "fala como um adulto, assume o que faz e com a perfeita noção de que não será penalizado judicialmente". No seu cadastro, contam furtos de viaturas, forçadas com uma gazua, e de lojas nas zonas de Alhandra, Alverca e Vila Franca de Xira, sempre com "amigos" mais velhos.
Apresenta um "corpo entroncado, de estatura média, com 1,60 metros de altura, mas cara de menino", segundo a descrição da polícia, que raramente denuncia medo.
Com Fábio e Samuel
Da última vez, foi apanhado na companhia de Samuel, de 15 anos, e de Fábio, de 20 anos. Este último tinha na sua posse um "sabonete" de haxixe, cerca de 100 gramas, que ainda atirou para debaixo do carro, mas que depois assumiu ser seu e para traficar. Fábio comprou a droga por 140 euros no Casal Ventoso, confessou, e também se encontra em liberdade. O juiz do Tribunal do Cartaxo decretou como medidas de coacção a obrigatoriedade de se apresentar três vezes por semana a uma força policial e a proibição de contactar "com pessoas ligadas ao crime", consta dos autos. Apenas Samuel foi levado a casa, em Alverca, e entregue à família.
De acordo com o relato do comando da PSP de Santarém, a conversa com Nelson, "porque não foi mais do que uma conversa, pois não se pode interrogar jovens com 13 anos", correu sem incidentes e com as confissões todas. Samuel permaneceu silencioso, "ou era a primeira vez ou ainda tem pouca experiência, manteve-se sempre na sombra dos outros", disseram-nos.
Têm uma fezada e actuam
Na terça-feira, Nelson saiu de Vila Franca de Xira a conduzir um carro roubado. Tinha uma fezada que a noite poderia correr bem. Agora, "é assim. Têm uma fezada, juntam-se e depois fazem as razias", contam-nos. Em Alverca, encontrou Fábio e Samuel. Pouco depois partiram para roubar outro carro e assaltarem uma loja de telemóveis no Cartaxo. O objectivo era "arrombar a montra com uma das viaturas e fugir na outra com o material". Mas o plano saiu gorado. Um carro patrulha detectou que a viatura era dirigida por um miúdo e às 03.00 da manhã é mandado parar. O que o grupo fez sem resistência. Quando a manhã chegou, dois foram entregues nas moradas oficiais, o outro esperou para ir a tribunal. Até ontem à noite, estavam todos em liberdade.
Apostar na prevenção
O comportamento de Nelson não é normal. A Segurança Social classifica-o como desviante, as forças policiais como "uma preocupação social", pois amanhã já pode estar a colocar outras vidas em perigo. "Se hoje não tem medos, amanhã depara-se com uma situação mais complicada e não hesita em puxar de uma arma. Há que fazer qualquer coisa", disse fonte policial. Contactado pelo DN, o presidente da Comissão de Protecção de Menores, Armando Leandro, disse não poder comentar o caso por não dispor de dados mais concretos, apenas que talvez possa ser uma "situação que o tribunal tenha que reavaliar", sublinhando que "esta demonstra, ao mesmo tempo, que é cada vez mais necessário apostar na prevenção precoce".
Dá pelo nome de Nelson. Tem 13 anos e já é conhecido no mundo do crime por assaltos na zona de Vila Franca de Xira, Alverca e Alhandra. Na madrugada de terça-feira, foi detido no Cartaxo pela PSP, quando conduzia um Fiat Uno roubado. Mas acabou por sair em liberdade e entregue à instituição da Segurança Social em Lisboa, que dá como morada oficial. Voltou a fugir. Em quatro meses, Nelson já vai com oito mandados de localização a nível nacional.
"Não ficou mais de meia hora", disse uma fonte da Segurança Social. É assim desde que entrou na instituição em Setembro de 2005, por ordem do Tribunal de Vila Franca de Xira. "A única vez que permaneceu mais tempo foi quando lhe lavaram os ténis e ficou à espera que secassem", contou a mesma fonte. Nelson costuma saltar pela janela da casa de banho, do primeiro andar para a rua, ou tão só abrir a porta principal e sair, sempre que há uma distracção dos funcionários.
Segundo explicaram ao DN, o Centro de Acolhimento de Emergência, situado na Alameda, é uma instituição que funciona em regime aberto e que só acolhe menores por períodos de curta duração, que aguardam o ingresso numa outra entidade de acolhimento. No entanto, "quando chegam, tenta-se logo integrá-los na comunidade, através da inscrição na escola, nos centros de saúde, em actividades lúdicas", mas no caso de Nelson "nada disto foi possível. Não houve tempo. Ao fim de dois dias, fugiu", argumentou a Segurança Social. O director da casa já solicitou ao tribunal que reavaliasse com urgência o processo, por considerar que aquele centro não será a "solução mais adequada". Só que nada mudou. O DN contactou o Tribunal de Vila Franca de Xira para saber em que situação se encorna o processo, mas foi-nos dito que este é de promoção de protecção de menores e confidencial.
Fugitivo desde Setembro
Nelson continua a monte, praticamente desde que foi retirado à mãe, no ano passado, e da casa que habitava no Entroncamento. À escola pouco deve ter ido, disseram-nos, e do pai conta que era toxicodepedente e morreu na prisão. Perante os outros, assume-se como "um rapaz sem medos" e "um líder", conta a polícia. Aliás, "fala como um adulto, assume o que faz e com a perfeita noção de que não será penalizado judicialmente". No seu cadastro, contam furtos de viaturas, forçadas com uma gazua, e de lojas nas zonas de Alhandra, Alverca e Vila Franca de Xira, sempre com "amigos" mais velhos.
Apresenta um "corpo entroncado, de estatura média, com 1,60 metros de altura, mas cara de menino", segundo a descrição da polícia, que raramente denuncia medo.
Com Fábio e Samuel
Da última vez, foi apanhado na companhia de Samuel, de 15 anos, e de Fábio, de 20 anos. Este último tinha na sua posse um "sabonete" de haxixe, cerca de 100 gramas, que ainda atirou para debaixo do carro, mas que depois assumiu ser seu e para traficar. Fábio comprou a droga por 140 euros no Casal Ventoso, confessou, e também se encontra em liberdade. O juiz do Tribunal do Cartaxo decretou como medidas de coacção a obrigatoriedade de se apresentar três vezes por semana a uma força policial e a proibição de contactar "com pessoas ligadas ao crime", consta dos autos. Apenas Samuel foi levado a casa, em Alverca, e entregue à família.
De acordo com o relato do comando da PSP de Santarém, a conversa com Nelson, "porque não foi mais do que uma conversa, pois não se pode interrogar jovens com 13 anos", correu sem incidentes e com as confissões todas. Samuel permaneceu silencioso, "ou era a primeira vez ou ainda tem pouca experiência, manteve-se sempre na sombra dos outros", disseram-nos.
Têm uma fezada e actuam
Na terça-feira, Nelson saiu de Vila Franca de Xira a conduzir um carro roubado. Tinha uma fezada que a noite poderia correr bem. Agora, "é assim. Têm uma fezada, juntam-se e depois fazem as razias", contam-nos. Em Alverca, encontrou Fábio e Samuel. Pouco depois partiram para roubar outro carro e assaltarem uma loja de telemóveis no Cartaxo. O objectivo era "arrombar a montra com uma das viaturas e fugir na outra com o material". Mas o plano saiu gorado. Um carro patrulha detectou que a viatura era dirigida por um miúdo e às 03.00 da manhã é mandado parar. O que o grupo fez sem resistência. Quando a manhã chegou, dois foram entregues nas moradas oficiais, o outro esperou para ir a tribunal. Até ontem à noite, estavam todos em liberdade.
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O comportamento de Nelson não é normal. A Segurança Social classifica-o como desviante, as forças policiais como "uma preocupação social", pois amanhã já pode estar a colocar outras vidas em perigo. "Se hoje não tem medos, amanhã depara-se com uma situação mais complicada e não hesita em puxar de uma arma. Há que fazer qualquer coisa", disse fonte policial. Contactado pelo DN, o presidente da Comissão de Protecção de Menores, Armando Leandro, disse não poder comentar o caso por não dispor de dados mais concretos, apenas que talvez possa ser uma "situação que o tribunal tenha que reavaliar", sublinhando que "esta demonstra, ao mesmo tempo, que é cada vez mais necessário apostar na prevenção precoce".
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